quarta-feira, 29 de agosto de 2012

SANTO AGOSTINHO, BISPO E DOUTOR DA IGREJA - PADROEIRO DOS TEÓLOGOS, IMPRESSORES, AGOSTINIANOS - 28 DE AGOSTO















Aurélio Agostinho (em latim: Aurelius Augustinus), dito de Hipona, conhecido como Santo Agostinho (Tagaste, 13 de novembro de 354 - Hipona, 28 de agosto de 430), foi um bispo, escritor, teólogo, filósofo e é um Padre latino e Doutor da Igreja Católica.





Agostinho é uma das figuras mais importantes no desenvolvimento do cristianismo no Ocidente. Em seus primeiros anos, Agostinho foi fortemente influenciado pelo maniqueísmo e pelo neoplatonismo de Plotino, mas depois de tornar-se cristão (387), ele desenvolveu a sua própria abordagem sobre filosofia e teologia e uma variedade de métodos e perspectivas diferentes.

 Ele aprofundou o conceito de pecado original dos padres anteriores e, quando o Império Romano do Ocidente começou a se desintegrar, desenvolveu o conceito de Igreja como a cidade espiritual de Deus (em um livro de mesmo nome), distinta da cidade material do homem.

 Seu pensamento influenciou profundamente a visão do homem medieval. 

A Igreja se identificou com o conceito de "Cidade de Deus" de Agostinho, e também a comunidade que era devota de Deus.

Na Igreja Católica, e na Igreja Anglicana, é considerado um santo, e um importante Doutor da Igreja, e o patrono da ordem religiosa agostiniana. Muitos protestantes, especialmente os calvinistas mas também os luteranos (basta recordar que Martinho Lutero era inicialmente um sacerdote católico agostiniano), o consideram como um dos pais teólogos da Reforma Protestante ensinando a salvação e a graça divina.

Na Igreja Ortodoxa Oriental ele é louvado, e seu dia festivo é celebrado em 15 de junho, apesar de uma minoria ser da opinião que ele é um herege, principalmente por causa de suas mensagens sobre o que se tornou conhecido como a cláusula filioque.

 Entre os ortodoxos é chamado de "Agostinho Abençoado", ou "Santo Agostinho o Abençoado".

Índice

  • 1 Biografia
    • 1.1 Cristão
    • 1.2 Bispo
  • 2 Obras
  • 3 Pensamento
  • 4 Influência como pensador e teólogo

Biografia

Agostinho nasceu na cidade de Tagaste, província de Souk Ahras, na época uma província romana no norte da África, na atual Argélia, filho de pai pagão, chamado Patrício e mãe católica, Mônica. Foi educado no norte da África e resistiu aos ensinamentos de sua mãe para se tornar cristão.



Agostinho era de ascendência berbere.



 












Santo Agostinho na escola e ao lado sua mãe aos pés de Santo Ambrósio.





Com onze anos de idade, foi enviado para a escola em Madaura, uma pequena cidade da Numídia. Lá ele tornou-se familiarizado com a literatura latina, bem como práticas e crenças do paganismo. 

Em 369 e 370, ele permaneceu em casa.
Durante esse período ele leu o diálogo Hortensius de Cícero (hoje perdido), que deixou uma impressão duradoura sobre ele e despertou-lhe o interesse pela filosofia e passou a ser um seguidor do maniqueísmo.
Com dezessete anos, graças à generosidade de um concidadão, chamado Romaniano, o pai de Agostinho pode enviá-lo para Cartago para continuar sua educação na retórica. 

Vivendo como um pagão intelectual, ele tomou uma concubina; numa tenra idade, ele desenvolveu uma relação estável com uma jovem em Cartago, com a qual teve um filho, Adeodato.
Durante os anos 373 e 374, Agostinho ensinou gramática em Tagaste. No ano seguinte, mudou-se para Cartago a fim de ocupar o cargo de professor da cadeira municipal de retórica, e permanecerá lá durante os próximos nove anos.
Desiludido pelo comportamento indisciplinado dos alunos em Cartago, em 383, mudou-se para estabelecer uma escola em Roma, onde ele acreditava que os melhores e mais brilhantes retóricos ensinaram. No entanto, Agostinho ficou desapontado com as escolas romanas, que ele encontrou apática. Quando chegou o momento para os seus alunos para pagar os seus honorários eles simplesmente fugiram.
Amigos maniqueístas apresentaram-lhe o prefeito da cidade de Roma, Symmachus, que tinha sido solicitado a fornecer um professor de retórica imperial para o tribunal provincial em Milão. Agostinho ganhou o emprego e ocupou o cargo no final de 384.

Cristão


Enquanto ele estava em Milão, Agostinho mudou de vida. Ainda em Cartago, começou a abandonar o maniqueísmo, em parte devido a um decepcionante encontro com um chefe expoente da teologia maniqueísta, Fausto.
Em Roma, ele relata ter completamente se afastado do maniqueísmo, e abraçou o movimento cético da Academia Neoplatónica.





 







Santo Agostinho e Santa Mônica, sua mãe, no Porto de Óstia.








 Sua mãe insistia para que ele se tornasse cristão e também seus próprios estudos sobre o neoplatonismo também foram levando-o neste sentido, e seu amigo Simplicianus instou-o dessa forma também. Mas foi a oratória do bispo de Milão, Ambrósio, que teve mais influência sobre a conversão de Agostinho.
A mãe de Agostinho havia-o seguido para Milão e insistiu para que abandonasse a relação com a mulher com quem vivia ilegalmente e procurasse outra para casar, conforme as leis do mundo e a doutrina cristã.

 A amada foi mandada de volta para a África e Agostinho deveria esperar dois anos para contrair casamento legal; mas logo ligou-se a uma concubina.
No verão de 386, após ter lido um relato da vida de António do Deserto, de Atanásio de Alexandria, que muito inspirou-lhe, Agostinho sofreu uma profunda crise pessoal. 




 














Decidiu se converter ao cristianismo católico, abandonar a sua carreira na retórica, encerrar sua posição no ensino em Milão, desistir de qualquer ideia de casamento, e dedicar-se inteiramente a servir a Deus e às práticas do sacerdócio.






 





A chave para esta transformação foi à voz de uma criança invisível, que ouviu enquanto estava em seu jardim em Milão, que cantava repetidamente, "Tolle, lege"; "tolle, lege" ("toma e lê"; "toma e ler").  




Ele tomou o texto da epístola de Paulo aos romanos, e abriu ao acaso em 13:13-14, onde lê-se: 















"Não caminheis em glutonerias e embriaguez, nem em desonestidades e dissoluções, nem em contendas e rixas, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis a satisfação da carne com seus apetites".








Ele narra em detalhes sua jornada espiritual em sua famosa Confissões (Confessions), que se tornou um clássico tanto da teologia cristã quanto da literatura mundial. 


 






Ambrósio batizou Agostinho, juntamente com seu filho, Adeodato, na vigília da Páscoa, em 387, em Milão, e logo depois, em 388 ele retornou à África. 





Em seu caminho de volta à África sua mãe morreu, e logo após também seu filho, deixando-o sozinho, sem família.


Bispo

Após o regresso ao Norte da África, vendeu seu patrimônio e deu o dinheiro aos pobres. A única coisa com que ele ficou foi a casa da família, que se converteu em uma fundação monástica para si e um grupo de amigos.








 





Em 391, ele foi ordenado sacerdote em Hipona (atual Annaba, na Argélia). Em 396, foi eleito bispo coadjutor de Hipona (auxiliar, com o direito de sucessão depois da morte do bispo corrente) e pouco depois bispo principal. Ele permaneceu nessa posição em Hipona até sua morte em 430.
Ele deixou o seu mosteiro, mas continuou a levar uma vida monástica na residência episcopal. Ele deixou uma regra (latim, regulamentos) para seu mosteiro que o levou ser designado o "santo padroeiro do clero regular", isto é, sacerdotes que vivem por uma regra monástica.



Sua vida foi registrada pela primeira vez por seu amigo São Possídio, bispo de Calama, no seu Sancti Augustini vita.









Descreveu-o como homem de poderoso intelecto e um enérgico orador, que em muitas oportunidades defendeu a fé católica contra todos seus inimigos.






Possídio também descreveu traços pessoais de Agostinho com detalhe, desenhando um retrato de um homem que comia com parcimónia, trabalhou incansavelmente, desprezando fofocas, rejeitando as tentações da carne, e que exerceu a prudência na gestão financeira conforme sua posição e autoridade de bispo.
Sua vida não é tranquila: missa diária, prega até duas vezes ao dia, dá catequese, administra bens temporais, resolve questões de justiça (cerca, muro, dívidas, brigas de família…), atende aos pobres e órfãos, etc.
Pouco antes da morte de Agostinho, a província da África Proconsular foi invadida pelos vândalos, uma tribo guerreira que estava aderindo ao arianismo. 

Pouco depois de Hipona ser cercada pelos bárbaros Agostinho adoeceu; Possídio relata que ele gastou seus últimos dias em oração e penitência, pedindo para que os salmos penitenciais de Davi fossem pendurados em sua parede para que ele pudesse ler.

 Pouco tempo após sua morte, os vândalos levantaram o cerco de Hipona, mas não muito tempo depois eles voltaram e queimaram a cidade. Eles destruíram tudo, mas a catedral de Agostinho e a biblioteca ficaram inalteradas.
Agostinho foi canonizado por reconhecimento popular e reconhecido como um Doutor da Igreja.


 







 Túmulo de santo Agostinho. 

Em 700 DC as relíquias de Santo Agostinho foram colocadas na igreja de São Pietro in Ciel dÓro em Pavia, Itália, na foto.


 
























 Na Igreja Católica, o seu dia é 28 de agosto, o dia no qual ele supostamente morreu. Ele é considerado o santo padroeiro dos impressores, teólogos e de um grande número de cidades e dioceses. 

Para os protestantes ou evangélicos, Agostinho é referencial na história eclesiástica, pois foi um valoroso líder da Igreja primitiva e deixou suas marcas como verdadeiro discípulo de Cristo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Obras

Agostinho foi um autor prolífico em muitos géneros — tratados filosóficos, teológicos, comentários de escritos da Bíblia, além de sermões e cartas.


Dele restaram algumas centenas de cartas (Epistulae) e de sermões (Sermones) considerados autênticos. Além disso, deixou 113 obras escritas.
Agostinho é chamado de o Doutor da Graça, por sua compreensão sobre o tema.
  • Textos autobiográficos:
As suas Confissões (Confesiones), escritas entre os anos 397-398, são geralmente consideradas como a primeira autobiografia. Agostinho descreve sua vida desde sua concepção até à sua então relação com Deus, e termina com um longo discurso sobre o livro do Génesis, no qual ele demonstra como interpretar a Bíblia. A consciência psicológica e auto-revelação da obra ainda impressionam leitores.
Mesmo sendo uma autobiografia, as Confissões não deixam de ter a marca filosófica de Agostinho. No Livro X, Agostinho escreve sobre a memória e suas atribuições. Já no Livro XI, Agostinho fala sobre a Criação, sobre o Tempo e da noção psicológica que se tem deste.
No fim da sua vida, Agostinho revisitou os seus trabalhos anteriores por ordem cronológica e sugeriu que teria falado de forma diferente numa obra intitulada Retratações, que nos daria uma imagem considerável do desenvolvimento de um escritor e os seus pensamentos finais.




 







  • Filosóficos:
Diálogos: Solilóquios (Soliloquiorum libri duo), Sobre o Mestre (De Magistro, trata da educação neste diálogo), Sobre o livre arbítrio (De Libero Arbitrio, trata sobre o mal e sobre as escolhas)
Contra os acadêmicos (Contra academicos, em que combate o cepticismo).
O Livro das disciplinas (Disciplinarum libri é uma vasta enciclopédia com o fim de mostrar como se pode e se deve ascender a Deus a partir das coisas materiais. Não está acabada).
  • Apologéticos: Da verdadeira religião (De vera religione), etc.
A Cidade de Deus (iniciada c. de 413, terminada em 426, uma de suas obras capitais, nela nos oferece uma síntese de seu pensamento filosófico, teológico e político). O De civitate Dei libri XXII.



 












  • Dogmáticos:
Entre 399-422, escreveu A Trindade, uma das principais obras que apoia a crença na Santíssima Trindade de Deus. O De Trinitate libri XV.
Sobre a imortalidade da alma (De inmortalitate animae)
Sobre a potencialidade da alma (De quantitate animae)
Enquirídio (Enchiridion, ad Laurentium ou De fide, spe et caritate liber I, é um manual de teologia segundo o esquema das três virtudes teológicas. Contém uma explicação do Credo, da oração do Padre Nosso e dos preceitos morais da Igreja Católica).
Da fé e do credo livro I (De fide et símbolo liber I), etc.
  • Morais e pastorais:
Contra mendacium, Da catequese dos não instruídos livro I (De catechizandis rudibus liber I), Da continência livro I (De continentia liber I), Da paciência livro I (De patientia liber I), etc.
  • Monásticos:
Regula ad servos — a mais antiga das regras monásticas do Ocidente.
  • Exegéticos:
A Bíblia teve um papel decisivo para Agostinho. Pode-se destacar:
Da doutrina cristã livro IV (De doctrina christiana libri IV (é uma síntese dogmática que servirá de modelo para as Sententiae os pensadores da Idade Média), De Genesi ad litteram libri XII, Da harmonia dos evangelhistas livro IV (De consensu Evangelistarum libri IV (foram escritos em resposta aos que acusavam os evangelistas de contradizer-se e de haver atribuído falsamente a Cristo a divinidade), etc.





 






 Santo Agostinho e a visão do anjo sobre o mistério da Trindade.






  • Tratados:
Tratados sobre o evangelho de João (In Iohannis evangelium tractatus), As enarrações, ou exposições, dos Salmos (Enarrationes in Psalmos), etc.
  • Polémicos:
Muitas de suas obras tem caráter polêmico por causa dos conflitos que ele enfrentou. Isso levou São Posídio a classificá-las conforme os adversários combatidos: pagãos, astrológos, judeus, maniqueus, priscilianistas, donatistas, pelagianos, arianos e apolinaristas.
De natura boni liber I, Psalmus contra partem Donati, De peccatorum meritis et remissione et de baptismo parvolorum ad Marcellium libri III (de 412, primeira teología bíblica da redencão, do pecado original e da necessidade do batismo), De gratia et libero arbitrio liber I (de 426, em que demonstra a necessidade da graça, da existência do livre arbitrío), De haeresibus, etc.






 







Pensamento

O problema do mal
Em seu livro Sobre o livre arbítrio (em latim: De libero arbitrio) Agostinho responde de ao problema filosofico do mal de forma filosófica, demonstrando também filosoficamente que Deus não é o criador do mal. Pois, para ele, tornava-se inconcebível o fato de que um ser benevolente, pudesse ter criado o mal.
A concepção que Agostinho tem do mal, tem como base teoria platônica e a desenvolve. Assim o mal não é um ser, mas sim a ausência de um outro ser, o bem. O mal é aquilo que "sobraria" quando não existe mais a presença do bem. 

Deus seria a completa personificação deste bem, portanto o mal não seria oriundo da criação divina, mas seu antagonista por excelência, na condição de fruto do seu afastamento. No diálogo com seu amigo Evódio, Agostinho explica-lhe que a origem do mal está no livre-arbítrio concedido por Deus. Deus em sua perfeição, quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma voluntária, um ser consciente. 

O homem, então, é o único ser que possuiria as faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente de Deus em uma criação perfeita) e algo mau (a prevalência da vontades humanas inperfeitas e que afetam negativamente a criação da perfeição idealizada por Deus).
Entretanto, por ter em si mesmo a carga do pecado original de Adão e Eva, estaria constantemente tendenciado a escolher praticar uma ação que satisfizesse suas paixões (a ausência de Deus em sua vida). 

Deus, portanto, não é o autor do mal, mas é autor do livre-arbítrio, que concede aos homens a liberdade de exercer o mal, ou melhor, de não praticar o bem. Esse argumento também implica que o ser humano tem direito de escolha sobre sua própria vida, não é apenas um ser programado.

 E se, segundo Agostinho, o bem é apreciado por Deus e a prática perfeita, todas as ações por ele inspiradas se tornam virtuosas e louváveis. Sendo que em um universo de seres não conscientes e que não têm livre-arbítrio, as práticas do bem e do mal seriam programadas e não poderiam ser classificadas como boas ou ruins.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tempo e Criação
No Livro XI das Confissões (em latim: Confessiones) Agostinho põe-se a cargo de versar acerca da criação do mundo por meio do Verbo, que podemos entender como "palavra criadora". 




Com efeito, o filósofo compreende que o mundo só poderia ter duas origens 1) do nada (em latim: ex-nihilo) e 2) a partir de parte da sua substância. No entanto, a última suposição é falsa pois teria de se admitir um Deus imutável, algo não condizente com o pensamento do Doutor Africano.
A fim de responder a asserção: "Do que faria Deus antes de criar o mundo?" o filósofo tece sua crítica aos maniqueus e expõe seu pensamento a respeito do tempo e da criação. 

A evidente resposta de Agostinho à tal pergunta é a de que Deus não estaria a fazer nada, pois não havia tempo antes deste ter sido criado por Deus, ficando expresso que o tempo nada mais é do que uma criatura assim como o mundo e todas as coisas. Para o pensador, o tempo e o universo foram criado em conjunto, e Deus estaria fora deste contexto pois ele é eterno e a eternidade não entra no tempo.
Para o filósofo medieval, o tempo não tem existência per se e só pode ser apreendido por nossa alma por meio de uma atividade chamada de "distensão da alma" (em latim: distentio animi). A distensão da alma, grosso modo, nada mais é do que a compreensão dos três tempos; pretérito, presente e futuro na alma, de modo que seja possível lembrar do passado, viver o presente e prever o futuro. Agostinho afirma que a alma é quem pode medir o tempo e essa "medição" atesta a existência do tempo apenas em caráter psicológico.


Na história do pensamento ocidental, sendo muito influenciado pelo platonismo e neoplatonismo, particularmente por Plotino, Agostinho foi importante para o "baptismo" do pensamento grego e a sua entrada na tradição cristã e, posteriormente, na tradição intelectual europeia. Também importantes foram os seus adiantados e influentes escritos sobre a vontade humana, um tópico central na ética, que se tornaram um foco para filósofos posteriores, como Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche, mas ainda encontrando eco na obra de Albert Camus e Hannah Arendt (ambos os filósofos escreveram teses sobre Agostinho).
É largamente devido à influência de Agostinho que o cristianismo ocidental concorda com a doutrina do pecado original. Os teólogos católicos geralmente concordam com a crença de Agostinho de que Deus existe fora do tempo e no "presente eterno"; o tempo só existe dentro do universo criado.
O pensamento de Agostinho foi também basilar na orientação da visão do homem medieval sobre a relação entre a fé cristã e o estudo da natureza. Ele reconhecia a importância do conhecimento, mas entendia que a fé em Cristo vinha restaurar a condição decaída da razão humana, sendo portanto mais importante. 

Agostinho afirmava que a interpretação da Bíblia deveria ser feita de acordo com os conhecimentos disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural. Escritos como sua interpretação do livro bíblico do Gênesis, como o que chamaríamos hoje de um "texto alegórico", iriam influenciar fortemente a Igreja medieval, que teria uma visão mais interpretativa e menos literal dos textos sagrados.
Tomás de Aquino tomou muito de Agostinho para criar sua própria síntese do pensamento filosófico grego e do cristão. Dois teólogos posteriores que admitiram influência especial de Agostinho foram João Calvino e Cornelius Otto Jansenius.

A conversão de Santo Agostinho é considerada um dos eventos mais importantes da historia da igreja. 



MAIS UM POUCO DA VIDA DE AGOSTINHO:

 



Santo Agostinho nasceu em Tagaste,norte da África, filho de Patricius, um oficial romano pagão. Sua mãe, Santa Mônica era cristã e criou Santo Agostinho na fé. 








Em 370 ele foi para Cartago, Turquia para estudar direito e em vez disto passou a estudar literatura. Ele juntou com uma amante que deu a ele um filho Adeodatus. 

Em 373 Santo Agostinho e seus amigos tornaram-se membros de uma seita herege. Ao mesmo tempo, sua brilhante e notável inteligência estava se manifestando e ele ganhou vários torneios de poesia e se tornou conhecido no mundo filosófico.

 Demorou nove anos para Santo Agostinho se libertar de sua vida herege. 

Em 383 ele foi para a Itália em segredo por causa da oposição de sua mãe. 


Santo Agostinho planejava ensinar em Roma mas, em vez disto foi para Milão onde conheceu Santo Ambrósio. 


 




 Santo Agostinho e Alípio ouvindo a pregação de Santo Ambrósio.










Sob a influencia de Ambrósio, Agostinho descobriu a vida de celibatário, o estudo e a oração. 

Santa Mônica mais tarde encontrou-se com eles em Milão, onde São Alípio, velho amigo de Agostinho também passou a morar. 

Com ele, sua mãe e amigos se retiraram para uma vila, para estudarem as escrituras e os antigos filósofos. No domingo de Páscoa de 387 Santo Agostinho foi batizado. Planejando o retorno para Tagaste eles foram para Ostia, Itália a bordo de um navio.

 Mônica morreu em Ostia e Santo Agostinho ficou na Itália escrevendo e orando. 



 




 Morte de Santa Mônica








Em 388 ele vendeu tudo que tinha e passou a distribuir para os pobres e começou uma vida de penitencia. 

Ele foi ordenado em 391e fundou dois monastérios e em outubro de 393 Santo Agostinho tomou parte no Concílio da África pregando para uma assembléia de bispos. Valerius, o bispo de Hippo indicou Agostinho como seu coadjutor e ele ocupou este cargo por 34 anos. 

Ele fez de sua residência episcopal um monastério enviando outros padres para fundar outras instituições e treinar bispos para as dioceses. Seu maior apostolado foi ensinar e escrever. Ele atendeu aos Concílios de 398, 401, 416, 418 e 419.

 Em 426 Santo Agostinho já com 72 anos nomeou Heraclius seu auxiliar e sucessor . Ele tentou encontrar paz mas teve que enfrentar a heresia dos Arianos e invasão dos Vândalos na região.

 Bispos e políticos procuraram refugio em Hippo que foi sitiada por 18 meses. 

Durante o cerco, Santo Agostinho teve um derrame e em 30 de agosto de 430 ele veio a falecer. 





 




 Funeral de Santo Agostinho







Os trabalhos de Santo Agostinho proveram a Cristandade com lúcidos e atrativos argumento para a fé.

Em sua biografia fica imbuído a sua atração pelo Criador. Seus escritos sobre as escrituras são um tratado sobre a fé e lúcidos argumentos sobre a Confissão. No seu trabalho "Cidade de Deus" escrito em 426 Santo Agostinho traça o caminho para uma crescente fé, e uma reconciliaçao entre a fé e a razão e coloca Deus no Centro de tudo.










Diz a tradição que, certa vez, Santo Agostinho estava caminhando a beira mar, a pensar sobre o Mistério da Santíssima Trindade, quando encontrou com um menino a colocar, com uma pequena caneca, água do mar em um buraco que a criança havia feito.





 Santo Agostinho perguntou :"Que está fazendo?
 A criança respondeu: "Estou colocando o mar neste buraco". 
"Impossível!" disse o santo. 
E a criança, que na verdade era um anjo, respondeu: 
"Mais facil será eu colocar o mar neste buraco, que você entender o mistério que está tentando compreender."





Milagres de Santo Agostinho

Mais de 40 pessoas estavam seriamente doentes de Roma, Alemanha e da Gália foram visitar os túmulos dos Apóstolos. Alguns arrastando-se em muletas, outros completamente paralisados, outros eram cegos e caminhavam com ajuda de seus camaradas que serviam de condução. 


 


 Passado as montanhas chegaram a um vilarejo chamado Cava, a três milhas de Pavia, e aí  apareceu-lhes S. Agostinho vestido de paramentos pontificais, saindo de uma igreja construída em honra dos santos Cosme e Damião. O santo cumprimentou-os e perguntou-lhes para onde estavam indo, e  eles responderam que iam a Roma, então disse-lhes:

 Vão para a Itália e perguntem onde está a igreja de São Pedro, e lá vocês vão obter a graça que vocês pedem.Eles lhe perguntaram seu nome e ele disse: - "Eu sou Santo Agostinho, bispo de Hipona."

 E imediatamente desapareceu. 

 Eles chegaram em Pavia, entraram na igreja de São Pedro e, quando souberam que o corpo de Santo Agostinho estava ali, gritaram: - "Santo Agostinho, ajude-nos!"

 Cidadãos e religiosos, atraídos pela novidade, formaram um fluxo na porta da igreja para o túmulo do santo, e testemunharam que os doentes vindos ao túmulo foram totalmente curados ou, em outros, permaneceram neles traços menores da enfermidade, de modo que a fama do santo se espalhou mais e mais, e uma multidão de pessoas doentes começou a afluir à igreja, e quem veio foi curada e deixou presentes e ex-votos em gratidão. A quantidade desses votos fez que toda a capela de Santo Agostinho ficasse cheia e depois foram colocadas no vestíbulo, mas logo foram tantos que  se tornou difícil mantê-los na capela, e os homens foram forçados a levá-los para outro lugar.






Santo Agostinho liberta um prisioneiro


Cenas da vida de Santo Agostinho


Santo Agostinho e o diabo

 Enquanto que Santo Agostinho ainda estava vivo, ele viu o diabo com um grande livro e perguntou-lhe o que estava escrito. O diabo respondeu que foram escritos os pecados de todos os homens, e Santo Agostinho pediu-lhe para ver o que foi escrito contra ele.  

E depois de tentar muito ver o livro, finalmente, descobriu que estava escrito que uma vez que ele não havia recitado as Completas (a oração da noite).

 Mais tarde, o diabo, fechou o livro, e se foi.  Santo Agostinho, então, foi para a igreja onde recitou devotadamente as Completas. Mais tarde, o diabo veio novamente e o santo pediu para rever o livro. 

 Abriram o livro e depois de muito procurar, descobriu que o pecado atribuído a Santo Agostinho havia sido cancelado.
 O diabo, então, inquieto,  disse:

 - tu me enganaste bem e estou arrependido de tê-lo mostrado o livro em que estava escrito uma pena contra você, pois a apagaste com tuas orações.E ele foi embora confuso.



Cenas da vida de Santo Agostinho
















segunda-feira, 20 de agosto de 2012

SÃO BERNARDO DE CLARAVAL , ABADE E DOUTOR DA IGREJA - 20 DE AGOSTO







No ano de 1091 nascia num castelo da Borgonha o terceiro filho do senhor de Fontaines e da virtuosa dama Alet. 

Pouco antes de dar à luz o menino, teve ela um sonho tão nítido e expressivo que sua maternal intuição não deixou de ver nele um providencial aviso sobre o futuro do filho: 

tinha-lhe aparecido um cachorrinho de alvíssima pele que latia fortemente e sem cessar. Aflita, porém, por não alcançar uma clara interpretação que traduzisse seus pressentimentos, consultou um servo de Deus, o qual lhe respondeu:

 "O menino será um grande pregador e latirá continuamente para guardar a Casa de Deus, e curará as chagas de muitas almas".

Descendente de duas nobres famílias e pairando sobre ele esse misterioso vaticínio, criou-o sua mãe com especial esmero, e logo que foi possível o enviou a uma famosa escola na cidade de Châtillon-sur-Seine.

Seu grande talento intelectual causava admiração aos mestres e prometia-lhe uma brilhante carreira. 


A índole afável e um tanto tímida de Bernardo possuía uma nota de nobreza e amenidade que atraía muitos a ele. Em pouco tempo, sentiu arder na alma o desejo da glória da ciência e de uma existência mundana vivida na opulência.

 O demônio, o mundo e a carne tentaram incontáveis vezes arrastá- lo para a perdição, mas, apesar desses assaltos, conservou sempre íntegra sua inocência batismal.

Certa vez, sentindo especial atração por uma formosa e pouco virtuosa jovem, e querendo a qualquer preço evitar a menor falta, lançou-se num pequeno lago de água gelada (era inverno) e lá permaneceu, submergido até o pescoço, e dali o retiraram quase sem sentidos.

O chamado do Senhor
Contava Bernardo 21 anos de idade, e a graça divina havia muito batia às portas de seu coração ardente: "Para que vieste ao mundo?" 
Esta pergunta vinha-lhe à mente com freqüência cada vez maior.

A radicalidade da vida monástica atraía aquela alma feita para grandes atos de heroísmo: abandonar honras, riqueza e família, consagrar-se para sempre ao serviço do Rei Eterno, viver daquele amor sobrenatural cujas labaredas cresciam sem cessar em seu interior... 


Entretanto, não faltavam parentes e amigos que o exortavam a seguir uma estrada mais larga: grandes glórias mundanas prometiam as incomuns qualidades do jovem Bernardo; sua precária saúde e débil compleição não suportariam as austeridades da vida religiosa; pode-se também servir a Deus sem enterrar num claustro os talentos de tão gentil caráter...

Afligido por esses pensamentos e combates, entrou certo dia numa igreja e implorou uma luz celeste que lhe desse a conhecer, sem sombra de dúvida, o desígnio de Deus a seu respeito. 


E o Senhor não tardou em socorrer seu escolhido que a Ele clamava.

Levantou-se Bernardo fortalecido e cheio de sobrenatural certeza, e dirigiu- se para um mosteiro quase desconhecido, fundado não havia muito tempo pelo santo abade Roberto de Molesmes e situado num bosque não distante do castelo de sua família: Cister.




 




SBERNARDO NO CONCILIO.JPG 



Entretanto, não quis partir só para aquele austero claustro onde nascia, em meio a dificuldades sem conta, uma nova ordem religiosa: com inspirada eloqüência, arrastou consigo seu tio materno, quatro irmãos e mais trinta cavaleiros companheiros seus!
 



O último irmão de Bernardo, por ser ainda muito novo, escutou as seguintes palavras: "Fica com Deus. Nós partimos para o mosteiro e te deixamos todos os nossos haveres". 

Desolado, o menino respondeu: "Vós conquistais o Céu e me deixais a terra? Má partilha esta!" 

E poucos dias depois, bateu àquelas benditas portas que já tinham acolhido seus cinco irmãos mais velhos...
O vale da luz
Se exíguo tinha sido durante muitos anos o número de monges de Cister, logo ficaram estreitas, graças a Bernardo,  suas rudes paredes de pedra.





Por ordem de seu superior, agora Santo Estevão Harding, partiu ele, acompanhado de doze companheiros, a fundar uma nova abadia. 

Tinha apenas 25 anos.

A paragem escolhida foi um isolado e sombrio vale, temido por causa dos ladrões que ali se refugiavam. Mas em pouco tempo a floresta cedeu lugar aos campos cultivados, os muros começaram a elevar-se, vozes puras e varonis fizeram ecoar a laus perenni naquelas vastidões, e a luz divina refletida por São Bernardo dissipou as obscuridades do lugar, que passou a chamar-se Clara Vallis - Claraval.

Atraídos pela fama de santidade que logo aureolou esse mosteiro, acorreram numerosos jovens, nobres e plebeus, cultos e ignorantes, desejosos de seguir a Cristo na pobreza, obediência e castidade, sob a direção de jovem abade. 


Passou assim de 700 o número de monges que enchiam a abadia do vale da luz.
Voz e braço de Deus
Mas a luz não foi feita para ser escondida e sim para iluminar e brilhar aos olhos de todos (cfr. Mt 5, 15-16). 

Em vão procurava Bernardo a solidão e o silêncio de seu amado vale.

 Contra sua vontade, tornou-se o conselheiro de Papas, bispos e monarcas, o diretor espiritual da Europa medieval, o Moisés da Cristandade.

Não havia pregador mais ardente nem personagem com maior prestígio do que ele. 






 


Venerado como santo pelas multidões e reconhecido como profeta e taumaturgo, sua mera presença, suas palavras e escritos despertavam um entusiasmo novo e combatiam vitoriosamente as heresias e os adversários da Igreja.



 





Tendo-se levantado naquele tempo um perigoso cisma na Igreja de Deus, quase todos os fiéis vacilavam, desorientados, entre o legítimo Pontífice e um antipapa chamado Anacleto. 

Teólogos e doutores discutiam com denodo argumentos em favor de um ou de outro, sem chegar a resultados convincentes ou definitivos. 

Os olhos de muitos voltaram-se então para o santo abade de Claraval, à procura de uma palavra que resolvesse a espinhosa questão. 

Acudiu Bernardo ao Concílio de todos os bispos do reino da França, e com sua inspirada e ardente eloqüência decidiu o voto da assembléia em favor do legítimo Papa, Inocêncio II.

Entretanto, o incêndio da divisão não se extinguiu imediatamente. 


Na província da Gasconha, o orgulho de um bispo sustentado pela ambição de um conde da região, ainda se levantava contra o verdadeiro pastor da Santa Igreja.

O Papa enviou São Bernardo para pôr fim a esta triste situação, na expectativa de que a sabedoria do santo triunfaria onde os raciocínios dos teólogos haviam fracassado.


 Mas em vão tentou ele reduzir à justa obediência o agitado espírito do bispo revoltado. Procurou, então, convencer o despótico conde, demonstrando- lhe a loucura de sua posição. 

Ambos, porém, ébrios de orgulho, obstinavam- se no erro.



 



 





Contristado ante tanta maldade, mas decidido a fazer prevalecer a autoridade do Sumo Pontífice, convocou Bernardo todo o povo à catedral da cidade e celebrou solenemente o Santo Sacrifício do altar.




 Após a Consagração, levando em suas mãos o Santíssimo Sacramento sobre uma patena, dirigiu- se à praça onde se encontrava o conde que, por estar excomungado, não podia entrar no templo. 

Olhando- o severamente, disse-lhe com voz ameaçadora: "Nós te rogamos e tu nos desprezaste; muitos servos de Deus suplicaram e tu de ninguém fizeste caso. Eis que o Filho da Virgem, Cabeça e Senhor da Igreja que tu persegues vem à tua presença! É o Juiz em cujas mãos um dia tua alma cairá. Vejamos se também a Ele viras as costas como a nós as tornaste!"

Como outrora os vendilhões do Templo de Jerusalém haviam fugido diante do Mestre irado, o infeliz conde, ao escutar essas palavras, rolou por terra, aterrorizado. 


Levantou-se depois, tocado finalmente pela graça de Deus, prostrou-se cheio de arrependimento aos pés do santo abade e fez tudo quanto este lhe ordenou. 

Travou mais tarde tão estreita amizade com Bernardo que, seguindo seus santos conselhos, abandonou o mundo e acabou seus dias num convento. 

O bispo recalcitrante, porém, obstinado em sua malícia, foi um dia achado morto em sua cama, sem confissão nem viático.





 














Arauto de Nossa Senhora
Mas este varão de fogo, denominado pelo Papa Inocêncio II de "muralha inexpugnável que sustenta a Igreja", passou para a História com o título de "Doutor Melífluo", porque a unção de suas exortações levava todos a afirmar que seus lábios destilavam puríssimo mel.

Quem, no mundo cristão, não conhece a incomparável e doce prece "Lembrai- vos", a ele atribuída
?


 Foi um dos primeiros a chamar de "Nossa Senhora" a Mãe de Deus.




 


 Conta a tradição que, escutando certa feita seus irmãos cantarem a Salve Regina, irrompeu de seu coração pervadido de enlevo a tríplice exclamação que hoje coroa esta oração:

 "Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria!" 





Foi também um dos primeiros apóstolos da mediação universal de Maria Santíssima, deixando esta doutrina claramente consignada em numerosos sermões:

"Porque éramos indignos de receber qualquer coisa, foi-nos dada Maria para, por meio d'Ela, obtermos tudo quanto necessitamos. Quis Deus que nós nada recebamos sem haver passado antes pelas mãos de Maria.  (...) Com o mais íntimo de nossa alma, com todos os afetos de nosso coração e todos os sentimentos e desejos de nossa vontade, veneremos a Maria, porque esta é a vontade d'Aquele Senhor que quis que tudo recebamos por Maria."


"Vinde, bendito de meu Pai"
LEITO DE SBERNARDO.JPG



Retornando de uma missão apostólica, quando já estava com 63 anos de idade, curou uma mulher cega, na presença de uma enorme multidão que acorria para venerá-lo. 

Foi o último milagre realizado na sua existência terrena.

Ao chegar a seu amado mosteiro de Claraval, sentia-se desfalecer. 

Mas transbordava de sua alma a serena confiança do navegante que finalmente avista o porto anelado

Ele mesmo, numa carta, dá conta de sua derradeira moléstia, pouco antes de partir para a eternidade:  


"O sono foge de mim, para que a dor não se mitigue estando os sentidos adormecidos. Quase tudo o que padeço são dores no estômago. Para nada ocultar a um amigo que deseja conhecer o estado de seu amigo, e falando não como sábio, segundo o homem interior, digo-vos que o espírito está pronto, na carne fraca. Rogai ao Salvador, o qual não quer a morte do pecador, que não atrase mais o meu fim, mas o guarde e ampare".




 


 







Bispos, abades e monges circundavam o leito onde agonizava aquele profeta do Senhor. 




Choravam eles o superior que aconselhava, o doutor que ensinava, o pai que os amava, o varão de Deus que os santificava. Mas este até o último alento os animou e consolou, e com grande despretensão dizia que já era tempo de um servo inútil passar a outro aquele cargo, e uma árvore estéril ser arrancada...

No dia 20 de agosto de 1153, às nove horas da manhã, entregou sua puríssima alma a seu Criador e Redentor.
(Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2006, n. 56, p. 22 à 25)









  Conta-se que após o fracasso da Segunda Cruzada, muitos culparam Bernardo e ele, desconsolado, foi chorar aos pés de uma imagem do Crucificado. Então a imagem de Cristo desprendeu-se da Cruz e abraçou-o para consolá-lo.







Inúmeros milagres são atribuídos a São Bernardo em suas viagens.
Diz-se que inúmeras pessoas iam até ele buscando curas e ele as atendia

Também se diz que, uma vez, escrevia uma carta importante ao ar livre, e começou a chover.

 Bernardo abaixou a cabeça e fez uma breve prece, e então, somente no lugar onde estava, a chuva parou.







Foi um monge cisterciense e grande propagador da Ordem e defensor da Igreja. Uma das personalidades mais influentes do século XII.

Foi ele que escreveu a regra dos Templários e outras obras como o Tratado do Amor de Deus e o Comentário ao Cântico dos Cânticos
 
É também o compositor ou redactor 
do belíssimo hino 
Ave Maris Stella.













São Bernardo fundou 72 mosteiros, espalhados por toda Europa: 35 na França, 14 na Espanha, 10 na Inglaterra e Irlanda, 6 em Flandres, 4 na Itália, 4 na Dinamarca, 2 na Suécia e 1 na Hungria, além de muitos outros que se filiaram à Ordem.

Em 1151, dois anos antes de sua morte, existem 500 abadias cistercienses.

 Havia 700 monges ligados a Claraval.
Bernardo morre em 1153 com 63 anos.

Foi canonizado em 18 de junho de 1174 por Alexandre III e declarado Doutor da Igreja por Pio VIII em 1830.
 É comemorado no dia 20 de agosto.





Outra história popular é que São Bernardo sempre saudava a Virgem Maria quando via uma imagem sua: "Ave Maria". Certa vez, andando por um mosteiro, ao fazer a costumeira saudação, a imagem lhe respondeu: "Ave Bernardo".